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O intenso ano de 2020 trouxe mudanças ao comportamento humano e alterou a maneira como consumimos produtos e informações. Passamos cada vez mais tempo conectados e mais suscetíveis aos estímulos das redes, de modo que assimilamos cada vez mais a tecnologia em nossas vidas e, com isso, redefinimos a maneira como nos comportamos como usuários e consumidores.

O marketing digital adquiriu, durante a pandemia, um destaque no cotidiano de empresas que até então não se havia visto. Ao mesmo tempo, as redes sociais ganharam um novo status, massificando conteúdos cada vez mais efêmeros e diversificando mensagens para um público cada vez mais segmentado.

Parte deste processo deve perdurar nos próximos anos e se acentuar ainda mais em 2021. Listamos abaixo as principais destas tendências para que possamos entender o mercado e estar a par do que devemos ter pela frente:

1 – A onda do social commerce

As compras online registraram uma alta de 47% em agosto de 2020, impulsionadas em grande parte pela pandemia, de acordo com pesquisa recente divulgada pela consultoria Nielsen. Para 2021, as estatísticas apontam um aumento mais discreto, mas ainda assim expressivo: cerca de 26%, ainda de acordo com a mesma pesquisa.

Esse aumento no e-commerce deu abertura para que as empresas pudessem estimular compras mais contextuais, ou seja, nas quais o usuário esteja aberto a explorar o conteúdo de marca em uma jornada de compra por meio de anúncios personalizados e direcionados a um público específico.

Nesse sentido, o social commerce representa uma hiper personalização, pela qual conteúdos estão cada vez mais em consonância com os algoritmos da rede social de cada usuário. Contudo, o futuro, com a implementação da LGPD, ainda é incerto: não é possível prever se esse modelo irá perpetuar visto que se retroalimenta de uma série de dados das pessoas presentes nas redes sociais.

Segundo dados do portal eMarketer, as vendas de comércio social no varejo chinês chegaram a US$ 242,41 bilhões este ano, respondendo por 11,6% do total de vendas do comércio eletrônico no varejo no país. Atualmente, a China também possui o maior mercado de social commerce do mundo — fora do país asiático, o Instagram é responsável por dominar este território, sendo a plataforma pioneira nesse tipo de funcionalidade.

2 – Conteúdo efêmero dos stories e do Reels no Instagram

Disponível somente por um período limitado de tempo, o conteúdo efêmero é tido como autêntico, mais representativo da vida como ela é, com cenas da rotina e uma programação mais próxima do público, sem muita produção. É uma configuração diferente na comparação com as postagens em feed, que costumam ser mais elaboradas e passam por uma edição maior.

De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Opinion Box, a maioria dos usuários (86,6%) utiliza os stories no Instagram, sendo que 70% desta parcela assiste a estas amostras de conteúdo efêmero diariamente. Uma característica aproveitada por esses produtores de conteúdo para gerar bom engajamento nesse formato está na efemeridade em si. As publicações ficam disponíveis por apenas 24h e despertam o desejo da audiência em não perder as atualizações.

A tendência é que o aproveitamento deste tipo de publicação seja ainda maior, muito embora aspectos éticos e até mesmo médicos possam ser cada vez mais debatidos em relação às consequências da exploração excessiva de postagens de curto prazo, que possam despertar nas pessoas ansiedade e um desejo intenso por não perder as novidades a qualquer custo.

3 – Plataformas de social media segmentadas

Plataformas como o TikTok, Twitch e Houseparty têm sido consideradas como aplicativos de nicho pelo mercado especializado. A primeira é destinada essencialmente a um público mais jovem. Já o Twitch é um espaço voltado para gamers. Por fim, o Houseparty assemelha-se às salas de bate-papo que ficaram famosas na internet em meados da década de 1990 e que voltaram a fazer sucesso agora, possibilitando que usuários façam videochamadas por meio de diversos dispositivos, sejam eles aplicativos ou desktops.

Tais redes apresentam novas formas à audiência de se conectar com marcas e produtos. Esse modelo mais diverso oferece vantagens às empresas na adesão dessas plataformas em early stage, ou seja, com antecedência: torna-se mais barato fazer anúncios e há menos competição, tornando alto o alcance orgânico a um público bastante segmentado, o que resulta na prospecção de novos públicos (ou fresh segments, em inglês).

Interesse, demografia e cultura são três fatores que empresas devem analisar para entender se vale a pena terem suas marcas nessas plataformas, antes mesmo de considerarem o conteúdo a ser produzido.

4 – Ads

A partir da personalização de conteúdos, cresce a chance da conversão destes em dinheiro. Já em 2011 um estudo realizado pela Harvard Business Review (HBR) apontava que empresas com estratégias de personificação obtêm mais resultados. Este cenário se dá pela concorrência cada vez maior na disputa por agregar relevância às marcas.

Consumidores estão dispostos a compartilhar dados em troca de personalização de ofertas, porém exigem maior transparência e empenho por parte das empresas na melhoria desse tipo de experiência, ou seja, que expliquem de forma mais estruturada e clara como e com quem os dados de usuários são compartilhados e usados. Essa preocupação vai afetar diretamente a personalização das ofertas.

5 – O uso de social media como PR

Outra tendência apontada para 2021 está no uso das plataformas como uma nova face no universo das relações públicas das empresas, a fim de enxergar social media sob a perspectiva do PR: tanto para manter-se conectado com a audiência, como delimitar os seus territórios como marca, além de estar visível e presente no imaginário dos clientes.

Todos esses pontos estão entre as funções de um PR, no desenvolvimento do trabalho de visibilidade de pessoas e marcas. Por meio do uso de social media, é possível utilizar o espaço que elas oferecem para eliminar intermediários e fazer com que a comunicação entre a marca e seu público seja mais direta, possibilitando conhecer melhor a sua audiência e de fato co-criar a sua estratégia a partir dos insights do público. Para se ter uma noção da eficácia desta alternativa, quando os setores como publishing precisam da opinião pública, os primeiros canais a quais eles recorrem são as social medias.

Em suma, essas redes deram visibilidade aos indivíduos e levaram influenciadores e micro-influenciadores a uma nova categoria dentro da cadeia de divulgação das marcas. Ao ponto, das interações trazidas por essas pessoas estarem cada vez mais incorporadas de modo orgânico na comunicação com o usuário.

Clarissa da Rosa e Rachel Frota são fundadoras da Muta Ecossistema, que há 4 anos atua no Brasil com esse novo modelo de negócio.

Reprodução da matéria veiculada no jornal Estadão e no portal PROPMARK. Acesse aqui o conteúdo original do Estadão e aqui o conteúdo original do portal PROPMARK

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